Discos de Uma Vida

Discos de Um Vida

PREC - Pop Recomendado Evoluindo Constantemente


Autor
The Beatles
Título da Obra
Revolver
Década
60
Comentários
Os Beatles, juntamente com os Beach Boys,
viram o estúdio como instrumento, e não
somente objecto de registo. "Quero soar
como Dalai Lama, no cimo de uma montanha"
disse John Lennon, e Paul brincava com "tape
loops". O produtor, George Martin, foi a interface
interpretativa do pretendido. George e Ringo, tocam
maravilhosamente bem. Um álbum intemporal - e fecha o
clube dos "5".

Autor
Black Jazz Chronicles
Título da Obra
Future Juju
Década
90
Comentários
No fundo, era um projecto a solo de Ashley Beedle, que
no auge do ácido londrino dos anos 90, tinha composto com
os Ballistic Brothers, uma ode ao "London Emotional Hooligan".
Agora, recuperava as raízes da Nigéria, e juntou o "talking drum" da tribo
Yoruba à tecnologia de produção e criação sonora, nascida no seio da
"club culture". Pouco tempo depois, viria a comprar uma colectânea de
funk africano, e deparava-me, entre outros, com Fela Kuti. Iniciou-se
então um longo processo de aprendizagem, e aprendi termos como "Ibo", ou
"Highlife". Um mundo novo, com raízes do futuro, abria-se à minha frente.
Que paixão!

Autor
Bel Canto
Título Da Obra
White-Out Conditions
Década
80
ComentáriosUm álbum premonitório em relação a muita da boa música que hoje se faz. Vinham do Norte da Europa, usavam a eletrónica para comporem canções de âmbito ligeiramente atmosférico, e havia uma voz feminina, Annelli Drecker, de beleza relativamente próxima das deusas Elizabeth Fraser, Lisa Gerrard e Mimi Goese. O disco é muito lindo, mas é único digno de ser realmente comprado. Contudo Anneli, continuaria a encantar o mundo, em encontros com músicos da sua editora, a belga Crammed Discs, como Peter Principle dos Tuxedomoon, ou Hector Zazou da dupla Zazou\Bikaye. Perdi o rasto a esta menina, mas, como já escrevi, um farol para tanta produção de interesse vinda hoje do Norte da Europa. Pouco depois, o mundo ficaria espantado, com uma menina, inserida num grupo islandês chamada ...Björk.

Autor
Björk
Título da Obra
Debut
Década
90
Comentários:
Numa noite de insónia de 1988, ouvi uns Islandeses chamados Sugarcubes,
onde havia uma vocalista que fazia da voz um factor de risco, lançando-a nas
alturas e resgatando-a nos tons mais baixos, sem nunca perder o controlo; era
sublime! O "single" chamava-se "Birthday". A paixão foi imediata, e a menina
chamada Björk, foi um nome gravado no coração. Anos mais tarde, quando ainda
eu vivia na dictonomia pop com guitarras\pop electrónica - vejam como sou não erudito
eu não gosto de "múzca de dança" -, volto a ouvir a Islandesa acompanhada de um ritmo
fortemente inspirado no "house", com voz e apenas um zumbido associado a vozes de conversa de fundo. Estranhei! Era a Björk do rock pouco inspirado dos Sugarcubes, exceptuando a estreia? Depois comprei o disco. A capa era crua - apena uma rapariga despenteada sobre uma cor indefenível, perto do limite preto-e-branco, e uma etiqueta com "Debut" escrito. Inicei a audição: "If you ever get closer to human, A human behavior, You better get ready to get confused". As palavras são certeiras, o arranjo, fantástico: tambor, baixo de sintetizador e disparos curtos de teclado. Continuei. Agora a história era acerca do mundo urbano, das cidades frenéticas; ouvia-se a voz, um orgão, ritmo fluido de "house" e um piano com quatro notas repetitivas a intervalos com a função de manter os passos contínuos da canção. Sentia-se um suor frio. Björk ia para os limites de não aderência. E no fim, uma reverbação tão característica do "dub". Haveria ainda espaço para um momento de comtemplação de jazz paisagístico nórdico, vento e sopros com canto, e chorava-se a ouvir "violently happy, because I love you". E o mundo mudou. Tudo se sintetizava num disco; o recorte formal da canção, o ritmo nascido na jamaica, o experimentalismo electrónico e a coragem de sair do conforto estético.
Björk, é hoje uma estrela, graças ao seu desempenho fabuloso no filme "Dancer In The Dark", e continua, quase como acto de desespero obstinado, a procurar dar nas vistas, mas sempre pelo caminho do inconformismo, de quem busca o limite da criatividade, e Debut, seria nos dias hoje, um disco de tabelas, ultrapassando a falta de coragem de Madonna, largamente.
E para a história, é mais um produto indirecto de Bristol, ou não fosse o seu produtor o mítico Nellie Hooper, que também produziu "Blue Lines". Eu ouço este álbum e fico sempre consumido pela mesma dúvida: mais belo que o início profético dos Massive Attack?

Autor
Can
Título da Obra
Tago Mago
Década
70
Comentários
Aprendi num livro editado por Peter Shapiro, jornalista da
excelente revista Wire, que o rock alemão nascido na década
de 70, o chamado "krautrock", tinha como lema "see how vast
we can go", o oposto dessa coisa esquesita do rock progressivo,
onde se dizia "see how fast we can go". Realmente, vasto é o caminho
destes senhores alemães, de quem ainda só detenho o álbum Tago Mago.
Estamos perante um encontro de reconhecido território rock psicadélico,
mas com fronteiras próximas da música electro-acústica - assim era a
definição anterior à futuramente conhecida música electrónica. Logo,
o futuro, está presente. E se considerarmos ser possível ouvir um encon-
tro de experimentalismo munido de uma estrutura rítmica derivada do
afro-funk, concluímos ter visitado a luz da simbiose entre inteligência e
a bela utopia da arte.

Autor
Dream Warriors
Título
And Now The Legacy Begins
Década
90
Comentários
O hip-hop, já existia há mais de uma década, mas a base de recolha sonora
era essencialmente o funk. James Brown parecia que já só era um figura
virtual, e teve de gritar "I'm real". Entretanto, outras fontes de reciclagem
seriam descobertas. Porque não recorrer também ao jazz, para construir
a plataforma de declamação da palavra? Afinal trava-se de recuperar um
legado da cultura negra, uma das formas máximas de afirmação dos
afro-americanos, tendo-se até convertido num símbolo de libertação
do mundo. Logo na abertura deste álbum ouve-se o seguite:"What the
fuck is this?" A resposta a esta pergunta é elequente:"My defintion of a
boombastic jazz style". E o mundo encontrava novos caminhos de
reciclar o futuro.

Autor:
Durutti Column
Título da Obra:
Say What You Mean Mean What You Say
Década:
80
Comentários:
Geralmente, tenho aqui trazido essencialmente álbuns, mas já abri a
excepção de “singles”. Hoje escrevo sobre um EP, e é para mim, um dos
mais bonitos discos de década de 80. Vini Reilly realiza aqui um quadro com
um caleidoscópio de cores escuras, sobre o qual pinta uma linha de azul,
também não muito claro, a representar a melodia. E no entanto, há uma
intensidade de amor, ao longo de todo o disco. Quem disse então, que o
amor tem de ter cores vivas, para ser vivido intensamente? Por que não um
acto discreto, não poderá ser tão belo quanto uma ofuscante luz do sol, mas,
antes saboreado num belo recanto escuro da alma, não com pó, mas deliciosa-
mente cioso de intimidade?

Autor
Electronic
Título
Electronic
Década
90
Comentários
Este é um disco de redenção, de reconciliação. Irmãos "desavindos" da
mesma cidade, com um passado relativamente comum, mas cujos caminhos
divergiriam. Joy Division, porta estandarte de uma cidade, Manchester, destinados
a se tornarem lendas à nascença, gravaram "Atmosphere" e nós decorámos
"Don't walk away in silence", fizeram um álbum no limiar do desespero, "Closer"
- e nem o realizador inglês Mike Leigh foi ainda capaz de transmitir a mesma
ânsia de tristeza -, pois o voca lista Ian Curtis suicidar-se-ia. Como acto de
salvação interior, aderiram definitivamente às cores nocturnas,
e revelaram-se "a New Order". Do outro lado da barricada, os The Smiths.
Virtuosismo e intelectualidade lírica. Não assinam por Manchester, isto é,
pela Factory, e rendem-se à cooperativa de Geoff Travis,
em Londres, a Rough Trade. Separam-se no final dos 80's, com sarcasmo refinado
- "At the record company meeting, At the last they have a dead star" .
E depois, a redenção! Bernard Summer (New Order e Joy Division), Johnny Marr
(The Smiths) e ainda por vezes Neil Tennant (Pet Shop Boys), fazem um disco pop.
Sem pretensões, ou ambições, nada de grandes considerações estéticas,
apenas uma breve orientação para navegarmos: Electronic.
Estamos num mundo que se destina a Não Eruditos, àqueles que vivem a pop
pela paixão, e esta assumem como também fonte de alimentação da alma. A guitarra
está presente, mas não tem preponderância sobre o sintetizador. O inverso, é
igualmente verdade.
E assim se caminha, no meio de um jardim de canções tão lineares, quanto belas.
É tudo muito singelo, mas bonito.

Autor
Fela Kuti
Título da Obra
Open & Close / Afrodisiac
Década
70
Comentários
É-me quase impossível escolher um disco de Fela Kuti, com o
seu baterista Tony Allen. E este que aqui trago, constitui uma
excelente introdução, e também síntese para um mundo de força de
vida, de amor, inabaláveis. O "highlife", a música de encontro entre
o jazz dançável dos colunizadores e a raíz africana, foi o primeiro
cristal líquido, antes de se solidificar como "afro-funk". Neste álbum,
ainda não se grita a liberdade, mas esta está inerente na música.
Como ouvir? Estando sentado e contraindo o músculos, procurando
a perfeita fase entre intelecto e emoção. E uma audição, não basta.
Descubram o padrão rítimco, o solo do orgão, a "riff" da guitarra, e a
genialidade de jogando com a entoação e o tempo das notas, se traz
à luz um solo de saxofone deslumbrante (feito por Iggo Chico). Fela,
aprende-se, ouve-se sempre, assimila-se com a frescura da
descoberta. É o que se pode chamar de um caso em que ficamos "drunk
with passion".
Nota: Já agora, procurem a colectânea Nigeria 70, para conhecerem
a riqueza de um tesouro.

Autor
GNR
Título
Psicoprátria
Década
80
Comentários
Este é um território delicado, onde o meu conhecimento é muito parco.
A pop portuguesa ressuscitava, e aproximava-se dos padrões internacionais.
Chamava-se Música Moderna Portuguesa e teve o seu templo sagrado no
"Rcok Rendez-Vous", em Lisboa. Depois de "Chico Fininho" de Rui Velsoso,
descobriu-se que afinal era possivel cantar "rock" em Português. E muitos
autores fizeram canções esplêndidas. Mler Ife Dada, experimentalistas por
excelência, António Variações, um visionário, Pop Del Arte, como tudo
indica, é um conceito de cultura "popular". Até que chegamos a "Psicopátria".
Não será o mais belo álbum pop do nosso país até hoje, mas contém um equi-
líbrio notável de linearidade e sofisticação. Além disso confirmou-nos um músico
excelente, Alexandre Soares, cujo "Projecto Global" permanece esqeucido na
prateleira do génios pouco lembrados.
Voltando aos GNR, este foi o seu disco que mais ouvi, embora os anteriores
sejam excelentes.

Autor
Go Betweens
Título
Tallullah
Década
80
Comentários
Não foram aclamados como os Smiths, nem tiveram o reconhecimento do
compatriota Australiano Nick Cave, contudo, de forma discreta, compuseram
das mais belas canções da década de 80. Deixaram versos deslumbrantes, ora
leiam: "I recall a bigger brighter world, A world of books and silent times in
thoughts". Como se não bastasse, fizeram o "Yesterday" dos anos 80, "The Wrong
Road" (incluida no álbum Lberty Belle And The Black Diamonds Express").
"Tallulah" é o seu quarto álbum, e representa a consolidação estética, do até
aqui fizeram. E há uma particularidade, em vez de solos de guitarra, temos
de cítara, ou de oboé: lindo!
E depois há aquela poesia desconcertantemente bela. Há versos onde do meio
da simplicidade, sai um aforismo sobre o amor. Não percam, por favor.
Nota: Voltaram a editar neste século, inclusivé este ano.

Autor
John Coltrane
Título da Obra
A Love Supreme
Década
60
Comentários
O meu primeiro disco de jazz.A minha primeira
e contínua paixão no jazz. O amor emanado é
"Supreme".

Autor
Krafwerk
Título da Obra
Man Machine
Década
70
Cometários
Ouvia a colectânea "New Thing" editada esta ano pela belíssima
editora\loja de discos londrina Soul Jazz, e apeteceu-me outra
vez voltar a "Man Machine". Curiosamente, este foi meu primeiro
disco de música electrónica sem o saber! E depois sabe sempre bem
descobrir as raízes do futuro. Parece que ouço uma tradução de um
sonho já vivido, projectado nos dias do amanhã. Sinto-me perante
uma possível Banda Sonora para "Solaris" de Tarkovsky (espero ter
escrito o noem correctamente deste realizador).
Os Alemães Kraftwerk, foram edificando um edifício cuja estética
ainda permanecia num domínio essencialmente erudito e experimen-
talista, com possibildades de ter um aspecto ascéptico.
Mas, mesmo assim, conferiram-lhe contornos próximos da humanidade,
nem que os habitantes fossem "Man Machine". E para finalizar, há ainda
uma das mais belas canções pop de sempre: "The Model".

Autor
Lee “Scratch” Perry
Título da Obra
The Upsseter – 4xCD
Década
1968-1978
Comentários
Quando se começa a gostar de alguma coisa, o conhecimento
cresce exponencialmente, pois antes nada se sabia. No meu
percursso pop, sabia que algum dia as coisas tinham de acontecer.
Por causa dos Cinematic Orchestra, conheci John Coltrane, devido
aos Koop, aprendi que “Kind Of Blue” de Miles Davis, era considerado
um disco de “jazz modal”. E ouvindo toda a electrónica produzida nos
últimos 15 anos, seria necessário conhecer a música jamaicana. A
colecção “Studio 1” da Soul Jazz, é um excelente manual cujos fascículos
nos vão permitindo docemente, conhecendo um tesouro maravilhoso. E
os nomes vão-se sucedendo, e a curiosidade, até ansiedade aumenta.
Graças à revista The Wire, soube da edição “The Upsseter”, dedicada a
Lee “Scratch” Perry, nascido Rainford Hugh Perry. “Scratch”, vem de “Chicken
Scratch”, canção ainda gravada para o “Studio 1” de Clement “Coxsone” Dodd.
“Upssetter”, auto-intitulou-se Perry, quando se zangou com Dodd.
A história continua até aos dias de hoje. E a música? É brilhante.
Estamos perante um génio, que confere ao “raggae” um brilho invulgar.
A paixão é avassaladora. As canções, algumas são tão bonitas, que até choro!
São quatro CD’s, amostra de uma vastíssima obra
como compositor e produtor. A edição é muito boa, pois aprende-se mais um
bocadinho sobre a vida do “raggae”. Agora, nasce outro problema: quero ter mais
discos! Por que, a música ouvida, irradia uma luz muito forte na alma,
e esta, assim, nunca estará triste. Para um aprendiz, como eu, é INDISPENSÁVEL.

Autor
Massive Attack (Devido à Guerra do Golfo, apareceram primeiramente como Massive.)
Título da Obra
Blue Lines
Década
90
Comentários
"Gostamos de Pink Floyd a Joy Division". Só ao fim de dez anos,
após conehcer Raggae, Dub e Soul, percebi quanto as "Blue Lines"
poderiam ser tão abrangentes. Um disco que descubro, ainda, em
cada audição. Maravilhoso! E um dos cinco discos ca minha vida.

Autor
Material
Título da Obra
The Third Power
Década
90
Comentários
Bill Laswell, chegou a Nova Iorque quando esta tinha a New Wave e a No
Wave. Optou pela segunda, e agraciou o prefixo "No", para fazer "Not Disco".
Com os Material fez uma esplêndida fusão de soul com disco-sound, no fundo
uma consequência da soul de Filadéfia. Na década de 90, publicou "The Third
Power". É um sincretismo absoluto de "p-funk", "raggae", "dance hall", e "dixieland".
O baixo, funde-se com a tuba, as palavras declamadas, complementam o canto.
Depois, o "casting", é maravilhoso. Sly & Robbie (mágicos do ritmo jamaicano),
Shaba Ranks (do moderno "dance hall" da jamaica), Bernie Worrell e
"Bootsy" Collins (da família Parliement\Funkadelic), Jalal (dos Last Poets), Herbie
Hancock (dispensa apresentações), entre amigos da tribo Laswell. Conclui-se então:
um disco muito lindo.

Autor
Miles Davis
Título da Obra
Kind Of Blue
Década
50
Comentários
C uriosamente, o 1º disco de jazz que entrou em minha casa, foi do Miles Davis, fruto
do empréstimo de uma amiga. Posteriormente, como consequência de uma entrevista
dos Cinematic Orchestra, comprei "A Love Supreme" de John Coltrane, que particpa em
"Kind Of Blue". A importância para a história, é que terá sido o primeiro álbum de jazz modal.
Como reconhecer o "modalismo"? Geralmente toda a melodia é descrita sobre uma base
de dois acordes. E se nos concentramo-nos na harmonia, observamos que há um som comum,
uma nota musical, que nunca fica fora de tom - não desafina. Também no regime modal, os
acordes parecem estranhos, não naturais, pois está-se fora do âmbito de uma escala diatónica.
Com este disco, compreendi o jazz modal, assimliei o cruzamento de escalas (modos), e aprendi
a estrutura de um "12 bar blues" (um "blues" cujo ciclo melódico se repete ao fim de 12 compassos).
Ouvir este disco, é um equilíbrio entre a felicidade da música e o prazer de aprender.


Autor
Nicolette
Título da Obra
Now Is Early
Década
90
Comentários
Descobri esta cantora da forma mais estranha: arrumava o quarto e tinha
o rádio sintonizado na Antena 1: gloriosos tempos! O Mestre Ricardo Saló,
divulgava uma música, onde uma tela branca era essencialmente preen-
chida pela voz de uma senhora – chamaram-lhe Billie Holliday On Acid -,
com contornos em duas linhas de azul escuro, não muito grossas,
simbolizando uma bateria e um baixo, e ao lado destas umas flores amarelas,
pequeninas iam surgindo, materializando então esporádicas aparições
harmónicas de um sintetizador. Que belo era este quadro minimal mas poderoso!
Ainda era cedo, profetizava o título do álbum; contudo, uma semente do futuro, surgia.

Autor
Primal Scream
Título da Obra
Screamadelica
Década
90
Comentários
Ao contrário dos eruditos, eu não acordei um dia a gostar de "muzca de dança"- assim
falam os mencionados. Tive um processo de aprendizagem e consolidação de 5 anos.
E foram discos como este, que me levaram para um campo, através do qual cheguei ao
jazz, aos blues, à soul, ao funk, ao afro-funk e ao disco-sound. Os Primal, eram uns
rapazes simpáticos que tinham gravado umas cançonetas do tipo Birds. Mas, depois
de beberem ácidos, resolveram gritar a inteligência. O psicadelismo é a base de partida.
As citações aos Rolling Stones, estão presentes, mas a escola do "dub" e "dance hall", o
caminho desbravado pelos Soul II Soull, o polo aglutinador de alegria que ainda era
Manchester, e o sabor do rock pensado sob o efeito da meditação, compuseram um
disco muito importante, para muitos de nós, não eruditos. O "house", o apelo à dança ("gonna
dance to the music all night long"), a paixão simples pela música ("all these are labels, because
music is just music") e até o "dub" (nova palavra no meu léxico pop), proporcionaram-me
uma aprendizagem enriquecedora. Além disso, tenho o disco em vinil, o que reforça o
pendor clássico.

Autor
Ride
Título
Nowhere
Década
90
Cometários
Houve uma altura onde o meu caminho na pop não estava definido. Entre os grupos de
guitarras, onde tinha feito a minha introdução à pop "indy", e a música electrónica,
cuja produção começava a sintetizar o futuro, procurava um equilíbrio longe de ser
estável. Ouvi "Nowhere" numa noite de fim de ano, e senti uma atracção que gerou
ansiedade até comprar o disco. Quando o tive, mantive com este uma intensa relação
de amor. Custava-me separar deste, esperava com ritmo cardíaco elevado, o dia em que
o voltaria a ouvir. Além disso, o céu esperava-nos: "Looking down I see you far below,
looking high I see your spirit glow".

Autor
The Meters
Título
Look-Ka Py Py
Década
70
Comentários
Foi ao ler um artigo sobre os Poets Of The Rythm (não acham este nome
bonito?), que fiquei a saber da existência dos Meters. Depois, ouvindo
a excelente colectânea "New Orleans Funk", dei-me conta de como uma
precisão rítmica poderia ser criativa. Além disso, há um orgão a jorrar
harmonias de carácter melódico, com uma guitarra seguindo-o de perto.
Afinal, James Brown, não é o único capaz de fazer da síncope, um acto
saudável.
(Nota: os Poets..., editaram um álbum em 2000)

Autor
The Smiths
Título da Obra
The Queen Is Dead
Década
80
Comentários
Interrogo-me muitas vezes quais terão sido as melhores duplas
de "sing\song writers" do Século XX, e se Lennon\McCartney estão entre
os melhores, mas também o ténue fio emocional de Reed \Cale provocou a
precipitação das mais sólidas emoções pop de sempre. E Morrisey\Marr?
Para minha paixão, estão em segundo lugar atrás da dupla dos Beatles.
Além disso, as suas canções são de um desespero belo: "to die by your side,
is such a heavenly way to die".A voz de Morrisey, percorre a linha da
melodia com toque de tristeza consciente, de quem faz isso alegria. E Marr,
pega na guitarra, e constroi mantos incandescentes para confortar a alma
triste de cores vivas, das letras. Um dos mais importantes grupos dos anos
80, uma deliciosa vida de amor pop, para quem desta música gosta.

Autor
The Smiths
Título
Sheila Take a Bow
(7”)
Década
80
Comentários
Um amigo de um amigo, um dia teve um pensamento
Filosófico: “tudo o que não tem dupla pedaleira ou
distorção, não é rcok”. Parece simplista, mas não anda
muito longe da verdade. Como realmente separar a pop
do rock? Uma canção dos Smiths, não tendo distorção,
é reconhecidamente pop, mas, ouvindo a abertura
do álbum Daydream Nation dos Sonic Youth, com guitarras
quase cristalinas como água com gás, com apenas um ligeiríssimo travo
de bolhas distorcidas, como a classificar? Pop? Rock? Pop-rock?
Rock-pop? No arranjo que Marr fez para “Sheila…”, a música
começa com um “riff” de guitarra, que parece vir do “heavy-metal”.
Depois, tudo se desenrola em camadas de guitarras, como metal em fusão,
mas em tons suaves. Do ponto-de-vista musical, este é, para mim, o mais
perfeito equilíbrio entre o pop e o rock. E claro, existem as letras. Os
aforismos, sucedem-se de verso em verso. Quem poderá resistir a isto?
Ora leiam (e penso que é mais ou menos assim): “Is it wrong not to always
be glad, It’s not wrong but I must add, How can someone so young look so sad?
Sheila take a bow, take a bow now, Put the grime of the world in the flush here,
And don’t go home tonight, Come out and find the ones that you love, And who love you”.
Se estavam tristes, aqui têm uma solução para e felicidade.

Autor
Ten Thousand Maniacs
Título da Obra
In My Tribe
Década
80
Comentários
Há discos, com os quais, se cria uma empatia logo à partida,
mesmo sem os termos ouvido. Li no Expresso que os 10000...
não tinham versos, mas prosas, e depois vinha uma tradução de um excerto.
Quando comprei o álbum, encontrei o que esperava. Canções belas, mas lineares em
perfeita harmonia com a prosa, os arranjos eram simples – apenas duas camadas de guitarras em metal de fusão de cor branca, um orgão, uma bateria e um baixo –, e a
consolidar tudo, a voz serena de Natalie Merchant, a cantar como quem lê um texto.
O disco foi dissecado, como quem mata a sede de conhecimento pop em fase de crescimento. Era em vinil, e gastou-se. Andei quase 15 anos, para o repôr em CD. Até que, este verão, tive a suprema feliciadade de o poder ter, outra vez, em vinil. A emoção forte, começou logo ali: para um não erudito -não leio o Blitz e muito menos o
suplemento “Y” do Público-, apenas apaixonado pela pop, não há nada mais comovente, que iniciar o rirtual de audição à antiga: começa-se pela face “A” ou “B”?
Olha-se para os dois lados da capa, lêem-se notas, e indaga-se o som ali contido.
Reeiniciei então o actos descritos, agora com mais alguma cultura musical, e
emocionei-me. Que disco tão belo! Aquela voz percorre a canção em tons de luminosidade absoluta. Continua apelativo, este trabalho ao fim de 17 anos!
Não está no culto – lembrem-se, quem gosta deste disco, não lê o “Y”, e os anos 80 foram para além de Joy Division, The Smiths, ou The Cure -, mas, qualquer hsitória, tem as suas notas de rodapé, e algumas delas, até podem conferir felicidade.

Autor
Triffids
Título
Calenture
Década
80
Comentários
São igualmente Australianos, como os Go Betweens, mas permanecem na
sombra da pop desconhecida carente de reconhecimento. Além disso, não
tiveram a sorte de construirem um quase "hit", para ser trauteado, como os
Go Betweens tiveram com a canção "Streets Of Your Town". A estrutura de
composição, foi sempre complexa, mas não com um pendor tão dramático
comparativamente a Nick Cave And The Bad Seeds. "Calenture" surgiu numa
bruma de raro perfume transmitido por um sinfonismo romântico pouco
habitual. Só o conseguíamos no mercado de imp0rtação, até que teve
direito a edição nacional. Continuou esquecido, mas não para quem
no meio das lágrimas ouviu "bury me deep in love".

Autor
Velvet Underground
Título da Obra
"Banana" Album
Década
60
Comentários
O mais belo álbum de sempre da pop? Talvez.Um dos cinco discos da minha vida.

Autor
Velvet Underground
Título da Obra
VU
Década
Editado na de 80, mas são gravações dos anos 60.
Comentários
Antes de mais a história. Depois de terem assinado pela Atlantic, os Velvet tiveram
de deixar canções gravadas na editora Verve, à qual pertenciam. Estas perderam-se
nos arquivos, e foram descobertas quase vinte anos mais tarde.
Agora a música. É com canções de finais de 60, que os Velvet surgem numa década
onde a canção fez as nossas delícias da pop. E fica-se aterrorizado, perante a actuali-
dade da estética. Percebe-se como os Sonic Youth se inspiraram numa percussão forte
e sensível, ou até num "riff" de guitarra perto da distorção, ou onde os Television se
inspiraram para gravarem Marquee Moon. E as canções, são estrondo-
sas! Perco-me quando ouço uma "brincadeira" onde se canta "I know where temptation
lies, Inside of your heart", e choro ao ouvir "I'm sticking with you, 'Cause I ran out of glue".
Nico já não está neste disco, e nem sempre John Cale, cujo violino traça uma linha
sigelamente melancólica linda, ao longo de "Stephanie Says". Mas, é aqui que apreciamos
o espelendor de génios, a beleza que um momento pop musical pode conter. E para
terminar, a capa. Um potenciómetro, dqueles que se viam nos gravadores da década de 70,
os indicadroes VU,com uma agulha a caminhar para o vermelho, e o fundo preto.
É um indicador do caminho da paixão.

Autor
Vienna Tone (Compilação)
Década
90
Comentários
Nos anos 90, não haviam lojas de discos como hoje,
nem Internet para os comprar, mas existiam redutos, quase clubes privados
para apaixonados, onde se encontravam os discos que nos faziam suores
frios pela espinha, tal a força de futuro emanada. E as compilações, passaram a
ser manifestos do advento.
Numa tarde de Agosto, subia a Travessa da Queimada, no Bairro Alto em Lisboa,
com a ânsia de chegar ao número 33, mesmo no topo da subida. Mirei os discos, e o mítico Zé Guedes, guardião desta pequena ilha da felicidade, disse-me: “espere, aqui
não há nada para si”. E eu, fiel seguidor, esperei. Pôs-me três CD’s em cima da mesa, e disse-me: “isto é para si”. Comprei, agradeci, e parti. Lembro-me perfeitamente de olhar com ar estranho para “Vienna Tone”. Que seria? Afinal, o percurso de aprendizagem era feito sobretudo através do “trip-hop”. E quando ouvi o disco, fiquei deslumbrado. O som fundia-se, os limites do instrumento e do “sample”, desapareciam; o formato pop, era reconhecível, mas sentia-se ali uma vanguarda, onde os limites eram novos. Sobretudo, quando se encontrava “Chocolate Elvis”, dos Tosca.
Como escrevi, foi um manifesto, de uma cidade de música, a acompanhar os tempos novos, mas também o establecimento, do que eu viria a chamar “A Questão da Europa Central” (Aústria-Alemanha-França). E Kruder, Dorfemeister ou Waldek, por exemplo, punham no mapa pop, uma estéctica nascida do empirismo inglês, ao qual se juntou o romantismo francês, e estes senhores, adicionaram gotas da mais perfeita relação de racionalidade\paixão.

PS Os discos são muitos, maxis e álbuns, mas desta época não percam “Opera” dos Tosca.

Autor
The Wire
Título
The Ideal Copy
Década
80
Comentários
Comprei este disco, quando comecei a conhecer a verdaderia arte da pop.
Nesses idos tempos, não lha chamávamos “pop alternativa”, ou a designávamos
por “pop indy” (adivinhem?!), ou então, “Som Da Frente”, numa alusão ao
célebre programa de rádio do Mestre António Sérgio, na altura excelente
Rádio Comercial. Os Wire, foram “punks” de 77, tendo-se desmembrado em
vários projectos como Dome, He Said, ou álbuns a solo. Eram intelectuais para
o ambiente britânico, pois formaram-se na universidade, não vindo directamente
da classe operária. O seu som, já era um acto relativamente rude de vanguarda. O
nosso Mestre Braga, até gosta muitíssimo do 1º disco destes senhores – logo temos
um porto seguro. O que ouvir aqui? Umas guitarras semi-atomosféricas, com ritmo,
vozes entre o tom quase coloquial e uma doce pequena presença de melancolismo,
e textos surreais – “They’re checkin the traps, To one of the chaps, In the black room, Jimmy is counting the steps, Death in the living room, His favourite sport, A happy year, The point of collapse”.
Após este regresso, continuaram a produzir música sempre interessante, às vezes até
em zonas perto do contemporâneo, mas “The Ideal Copy”, é uma charneira entre dois
tempos, onde a estrutura de sutentação da canção, não perdeu consistência, apenas se agilizou, fruto da evolução intelectual dos seus membros. Eu tenho uma particular paixão pelo cantor Colin Newman.

Autor
Young Marble Giants
Título da Obra
Colossall Youth
Década
80
Comentários
As cores, são parcas, a voz percorre a alma
suavemente, as canções, são tão belas
quanto simples. O disco, é eternamente jovem.
Pertence ao clube dos "5".

2 Comments:

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